A importância da destinação adequada das TVs de tubo

UMA TECNOLOGIA COM OS DIAS CONTADOS

O decreto Nº 5.820, de 29 de junho de 2006 – data em que começou o processo de implantação do sistema digital de transmissão – estabelece diretrizes para a transição do sistema de transmissão analógica para o sistema de transmissão digital, a ser executado em todo país até o dia 31 de dezembro de 2018. No entanto, a transição vem sendo executada gradualmente e diversas cidades já completaram o processo. Outras estão em andamento. Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu e Paulo Lopes deverão realizar todo o processo até o dia 31 de janeiro de 2018, data em que será, de forma definitiva, desligado o sinal analógico.

A única forma de ver TV para 37,9% dos domicílios com televisores no Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD, 2015) é por meio de um aparelho ultrapassado, que não é mais fabricado: A televisão de tubo.

Tendo em vista o final do sinal analógico, estes aparelhos precisam ser equipados com antena e conversor de sinal digital para que possam continuar em funcionamento, Mas fato é que muitas pessoas já aproveitam o momento para trocar por um televisor mais moderno, de tela plana. Nesse caso, o que fazer com o antigo aparelho e qual a importância de se destinar de forma ambientalmente adequada?

RESÍDUOS PERIGOSOS! MAS, PORQUÊ?

Os televisores de tubo (Tubos de raios catódicos, sigla “CRT” em inglês, como são popularmente conhecidos) utilizam-se de altas tensões, necessárias para aceleração dos elétrons que desencadeiam todo processo de geração de imagens. O processo leva em conta um vidro com ótimas propriedades mecânicas e de isolamento elétrico. Além disto, durante o processo, os elétrons que estão em desaceleração emitem raios-x, devendo o vidro também ser um bom absorvente destes. Para se alcançar todas estas características, impregna-se o vidro com chumbo (na forma de óxido de chumbo) fornecendo a proteção necessária à radiação. Além do chumbo, podem ser encontrados o bário, cádmio, zinco, dentre outros metais, inclusive os chamados metais terra-rara.

CRT com gráfico 02Apesar de a maior parte de seus materiais serem aptos para a reciclagem: Vidro, plásticos e metais, cerca de 35% do peso do vidro é formado por óxido de chumbo (1 a 1,5kg por televisor), um componente altamente tóxico para o meio ambiente e saúde humana.

O chumbo é um metal pesado tóxico, que causa efeitos adversos na saúde humana quando inalado ou ingerido. Segundo o Comitê científico internacional sobre aditivos alimentares (JECFA), administrado conjuntamente pela Organização da Agricultura e Alimentos (FAO) e Organização Mundial da Saúde (WHO), novas evidências científicas relatam o chumbo à danos irreversíveis em humanos, declarando que não é possível estabelecer um valor mínimo para a ingestão de chumbo que seja considerado seguro para humanos.

A reciclagem ou a sua disposição são de particular preocupação uma vez que as altas quantidades de óxido de chumbo tornam o vidro inadequado para a maioria das atuais aplicações existentes.

DESTINAÇÃO FINAL ADEQUADA

Diversos estudos internacionais relatam a possibilidade de substituição da areia pelo vidro com chumbo na fabricação de materiais construtivos como: Tijolos de argila e cerâmicos, esmalte cerâmico e concreto. No caso do concreto, o vidro com chumbo substituiria 10% do volume de agregados finos, que por sua vez representam 30% do volume em concreto. No caso dos tijolos de argila, o vidro com chumbo substituiria apenas 3% da massa de areia, o que representa 55% da massa em tijolos. Assim, a grande procura de vidro CRT nestes dois produtos é principalmente devido às grandes produções desses materiais no mundo todo.

Outros estudos propõem métodos de síntese pirometalúrgicos, hidrometalúrgicos e de alta temperatura para extrair o metal de chumbo do vidro. A eficiência dos métodos de extração variou entre 90 e 99%. O chumbo extraído pode ser usado em aplicações como baterias de chumbo-ácido (principal demanda pelo chumbo atualmente no mundo). No entanto, este método se limita pela já elevada taxa de reciclagem das baterias e pelo alto e regular fornecimento de chumbo primário.

Existem ainda outros métodos sendo testados, mas em escala laboratorial e com resultados sem comprovação. No Brasil, seu principal uso ainda está ligado à composição de materiais construtivos e deve ser realizado com empresas regulamentadas para tal atividade.

FAÇA SUA PARTE

A digitalização dos sinais de TV vêm para melhorar a qualidade de vida de todos e certificar-se que o antigo aparelho está sendo destinado de forma ambientalmente adequada, através de uma empresa legalmente habilitada que porte as licenças ambientais e autorizações necessárias, é requisito primordial para que possamos continuar caminhando em direção à um futuro sustentável e de mais qualidade para todos.